terça-feira, 23 de junho de 2009

Pai, eu te amo

Pai,

Há 25 anos ensaio para falar que amo você, pois por pelo menos 15 destes anos, você só me fez sofrer.
Consigo me lembrar de algumas vezes que você me levava para ver aviões no aeroporto e no Campo de Marte, dar pão aos peixes e ver os cavalos no parque da Água Branca. Lembro até que você insistia para que eu fizesse equitação, mas sempre tive medo do tombo.
Mas depois disto, nunca mais tive lembranças agradáveis, porque comecei a ver que teu vício, cada vez mais forte, te impedia de chegar em casa bem, conversar com teus filhos, saber como iam na escola, acalmá-los quando tinham pesadelos, ou até mesmo, perguntar se queriam um abraço.
A impressão que eu tenho foi que você se isolou da gente, e não a gente de você. Na verdade, você só não nos apoiou quando mais precisávamos de você. Justo quando todas as perguntas saem da sua cabeça e você busca respostas, busca direções.
Sorte a sua pela esposa que você tem. Sem ela, essa família não teria alicerce algum. Sem ela, você ainda não estaria debaixo do mesmo teto que a gente e sem ela, a gente não teria chegado até aqui. Digo isto porque sei que nós três aprendemos a batalhar pelo o que nunca tivemos e se chegamos aonde estamos, é porque somos honestos.
Mas para mim, você perdeu um pouco o senso de honestidade. Não com a gente, porque não temos mais como cobrar nada de você, se nada mudou até aqui. Mas você não é honesto com você mesmo.
Uma pessoa se maltrata desta forma achando que isso vai melhorar sua vida, ou resolver seus problemas está TOTALMENTE errado. É absolutamente desonesto.
Nunca passou pela sua cabeça que a gente sempre estaria do seu lado? Você nunca ficou com vontade de conversar com a gente? Saber se eu realmente estava nas nuvens pelo menino que eu via graça no colégio? Você nunca quis chegar do trabalho e correr para abraçar a gente?
Aposto que sim. Só que você estava com medo, porque devia achar que a gente sempre te odiava ou tinha medo de você quando chegava em casa daquele jeito e brigava com a mamãe.
Mas depois de crescidos, sinceramente, você não precisa ter isso. Não há do que ter medo.
Não tem que haver bloqueios, não tem que haver problemas para que seja resolvido sozinho.
Eu poderia ser egoísta e nunca mais querer saber de você. Eu poderia simplesmente sair de casa e nunca mais querer te ver. Mas eu não quero isso. Posso falar as vezes isto para você, mas não é de coração. Não é verdade.
É puramente da boca pra fora, porque se tem uma coisa que eu não aceito nos outros é burrice. E eu acho tudo o que você faz para si e para a sua família, uma grande burrice.
Então pai, eu queria saber se com 54 anos, você não se arrepende da vida que vem vivendo. Se você não se arrepende de achar que isto que você faz é o certo, enquanto pode ter colo e conforto em casa. A gente não é muito melhor do que o artíficio que você usa?
Você tem a faca e o queijo na mão, mas só sabe machucar e fazer seus familiares ficarem tristes e envergonhados.
Quem sabe agora não é uma oportunidade para você repensar sua vida, começar do zero e tentar mudar. TENTAR é a palavra.
Você não precisa se sentir forçado em mudar da água para o vinho, de hoje para amanhã. Mas eu só queria ouvir de você que você vai tentar.
Eu não quero ter que ir no hospital de novo e ver você naquele estado, da útima vez que passou mal por este maldito vício que você tem.
Você tem uma casa, você tem uma família linda. Agora tem até um neto!
Será que você não pode pensar um pouco em você e um pouco nesse neto que está crescendo cheio de vontade de aprender com o avô? Você não pensa que daqui 5 anos você vai ser um dos heróis dele?
Pois bem, acho melhor você pensar!
Com 5 anos talvez você não fosse nosso herói, mas garanto que você ainda pode ser.
Guarda tudo isso que eu te disse, por favor, no teu coração e REFLITA.
Não deixe que a faca fique cega e que o queijo fique cheio de bolor. Não faça isso de novo, por Deus, eu te peço.
A vida é bacana, mas tem seus altos e baixos, confesso. Eu também tenho muitos problemas... Quando quiser ouvi-los, a gente até pode fazer isso tomando uma cervejinha e dando risadas depois. O que acha?
Aprenda a ser humilde e aprenda a ver as inúmeras chances que a vida te dá para RECOMEÇAR!

Então feliz aniversário para você.
Quero que termine de ler isto de cabeça erguida e com algum sentimento que te toque e que te inspire a vontade de mudar.
A borboleta sofre para sair do casulo, mas depois, garanto que ela vai virar uma borboleta linda. Assim como aquelas que você me ensinou a desenhar!

Beijos da sua filha que só briga com você, porque quer seu bem.
E pela primeira vez eu te digo: EU TE AMO MUITO. Você é tão importante para mim quanto minha mãe e meus irmãos.
Só não deixe que essa história termine desse jeito, OK? Eu só quero escutar que você vai tentar, pois não quero perder os próximos 15 anos também. Pois infelizmente, não depende só de mim...

Marcia

quarta-feira, 3 de junho de 2009

The Killers

Não sei quem é a autora, mas faz faço dela as minhas palavras para ALGUMAS coisas.

Sempre que uma situação começa a ficar boa ou simplesmente começa, solto minhas frasezinhas bombas. Não sei se com isso quero realmente foder a minha vida ou me proteger de me foder. Acho que segundos antes de explodir tudo, penso assim: se eu falar a frase mais errada do mundo, só os realmente fortes sobreviverão. O que eu não percebo é que no começo de alguma coisa, ninguém ainda é realmente forte para agüentar minhas frasezinhas bombas. E todo mundo, sem exceção, acaba correndo assustado. E no dia seguinte eu acordo com aquele misto de vitória com tristeza. Sozinha novamente. Como se isso fosse um prêmio mas também uma doença.
Dentre as minhas frasezinhas bombas tenho três prediletas “to morrendo de saudades de você”, “a vida sem amor é uma merda” e “você me dá pouca atenção”. Quase nunca to morrendo de saudades de alguém, não existe a menor chance de eu amar algum desses trastes que me aparecem e caguei se eles me dão ou não muita atenção. Mas ainda assim falo, ainda assim mando uma frase dessas. Só pra ter o triste prazer de ver o covarde ficando branco, escondendo os dentes, enfiando o pinto no cu. E sumindo finalmente da minha vida.
É o jeito que arrumei de me rebelar contra essa hipocrisia masculina. Eles podem dormir na casa da gente, enfiar o pauzinho no meio das pernas da gente, pedir uma torradinha com requeijão de manhã, mijar pra fora do nosso vaso, contar a vida deles e pedir mais carinho nas costas. Mas não suportam ouvir no dia seguinte um simples “gosto de você”. Covardes de merda. Odeio essa hipocrisia masculina. Se eles falam mil vezes que querem te ver é tesão e você não pode se assustar, mas se você falar uma única vez que quer vê-los, é porque você é uma mala que está “misturando sentimentos”. E eles podem se assustar. Que preguiça desse planetinha dos macacos e suas bananas.
E sigo com minhas frases matadoras. “Pensei em você hoje”; “Voltei antes pra te ver”; “Vamos nos ver hoje?”; “Vamos comigo na festa da minha amiga?”; “O que você vai fazer no feriado?” E tenho cada dia mais nojo de como frases ditas pra ser agradável soam como um assassinato. E tenho nojo de pensar que quando você tira o controle deles, eles não sabem mais o que fazer com você. “O que eu vou fazer com uma mulher que eu já conquistei?” Que tal continuar conquistando todos os dias, seu idiota? Que tal viver uma história que passe da primeira página? Tenho cada dia mais nojo de como as pessoas se consomem e não se conhecem, não vivem nada. Não sabem nada da vida da outra a não ser o tamanho dos peitos e se o desenho dos pêlos é mais para Claudia Ohana ou bigodinho do Hitler. Sempre lembro de uma vez que fui passar cinco dias com um namorado no alto de uma montanha e ele me apareceu com um verdadeiro “kit putaria”. Passou antes no sex shop e comprou de óleo de massagem a roupinha de enfermeira. Tenho certeza que fez isso porque pensou “que porra vou fazer com uma mulher cinco dias em cima de uma montanha a não ser trepar”? Se fosse algum dos seus amiguinhos eles poderiam rir, se divertir, beber, conversar, apostar corrida, jogar videogame, brincar na piscina, fazer trilha. Mas com uma mulher? Um ser estranho chamado mulher? Que porra ele iria fazer não é mesmo? Homens acham que a página 1 é trepar e a página 2 é casar. E como têm pavor da 2 (e quem disse que as mulheres também não têm?) acabam nunca saindo da 1. E nisso conversas incríveis, descobertas maravilhosas e histórias lindas morrem antes mesmo de nascer. Eles podem te comer mas jamais passear de mãos dadas com você. Isso tudo me dá um bode profundo. Mas no fundo tenho mais bode é de mim. Por ter dito frases desse tipo para pessoas sem nenhuma magia, sem nenhuma poesia. E que ao invés de enxergar beleza enxergaram “carne ganha”. E no fundo eu nem sentia nada por essas pessoas, estava apenas testando a hipocrisia do mundo. Estava apenas comprovando que se tratava apenas de mais uma “carne podre”. Acho de verdade que a puta da Glenn Close estragou a vida de algumas mulheres. Basta você dizer um inocente “você é legal” pro cara achar que você vai se mudar pra casa dele, mergulhar o poodle dele numa panela fervendo e parir trigêmeos bem no dia do futebol com os amigos. De onde eles tiram que somos tão assustadoras? A gente só quer ter com quem rir no final do dia e ganhar alguns beijos no lugar certo. Nada muito diferente do que eles querem. Mas cansei. Definitivamente cansei. Cansei de um mero “nossa, tava pensando em você” equivaler a um “nossa, tava pensando em você de terno e gravata no altar de uma igreja”. Já que pouca coisa assusta tanto, decidi que agora vou jogar pesado. Daqui pra frente minhas frases matadoras vão ser de “quero ter um filho seu” pra pior. Quem quiser sair comigo vai ter de ouvir “posso dormir aqui?” ou ainda “acho que posso me apaixonar por você”. E quem sobreviver a esse verdadeiro extermínio de pretendentes, vai descobrir que eu sou só mais um ser que morre de medo do amor e da convivência. Vai descobrir que falo as frases erradas justamente pra espantar as pessoas e não ter mais trabalho.
Mas de verdade (e dessa vez sem medo de assustar ninguém) adoraria encontrar alguém que resolvesse correr esse risco junto comigo.

domingo, 31 de maio de 2009

Tenho muito o que viver

Hoje faz um ano que terminei meu noivado e acho isso ótimo. Se eu estivesse comemorando 1 ano de casada, certamente eu estaria infeliz, ou até mesmo, separada. 
Nada como o tempo para te mostrar que o amor acaba. E não tenha medo quando descobrir que o teu acabou. Porque tudo o que começa, termina... Não tem jeito...
Mas enfim, neste tempo todo, fiz de tudo um pouco. Me isolei (aquela forma que a gente acha que é o certo para se encontrar), saí de segunda a segunda, beijei quem eu quis e até me apaixonei.
Depois deste último tapinha, porque confesso que eu não estava preparada e não usei (quase) nada do que eu havia aprendido no outro relacionamento, eu resolvi ficar reclusa de novo.
Comecei a achar que as pessoas cada vez mais vivem para ficar sozinhas, pois são individualistas demais. Aí que comecei a discursar entre meus amigos que eu não mais queria casar e que teria fácil uma produção independente. Há! Quem sempre conviveu comigo sabe que meu maior sonho é ter uma família, ainda mais com a tão esperada Olivia.
Daí que fiz aniversário ontem e é impressionante como essa data gera uma revolução na sua vida, fazendo você repensar um monte de coisas: trabalho, amor, amigos, ou seja, a vida no geral. E decidi, que neste ano que se inicia, eu vou voltar a ser a Marcia de sempre.
Percebi isto com esta virada e com uma pessoa que apareceu no meu aniversário de forma especial, fazendo com eu que sentisse algo que há tempos não acontecia. Tanto que passei o final de semana com frio na barriga e aquela cara de boba feliz, rs. 
Eu não sei e nem to pensando como isso vai terminar, mas pra ajudar essa reviravolta toda, recebi um vídeo do Youtube que com certeza me faz re-acreditar no amor. E eu quero isso!


sábado, 23 de maio de 2009

Saber viver

Depois de escrever o texto abaixo, lembrei deste poema da Cora Coralina. Uma das minhas favoritas.


Não sei... Se a vida é curta 
Ou longa demais pra nós, 
Mas sei que nada do que vivemos 
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. 

Muitas vezes basta ser: 
Colo que acolhe, 
Braço que envolve, 
Palavra que conforta, 
Silêncio que respeita, 
Alegria que contagia, 
Lágrima que corre, 
Olhar que acaricia, 
Desejo que sacia, 
Amor que promove. 

E isso não é coisa de outro mundo, 
É o que dá sentido à vida. 
É o que faz com que ela 
Não seja nem curta, 
Nem longa demais, 
Mas que seja intensa, 
Verdadeira, pura... Enquanto durar.

Sobre fazer caridade e dar moedas no farol

Eu sempre faço caridade e nunca precisei contar isto pra ninguém. Até porque, nada do que você faz se vangloriando te traz resultados positivos. É muito piegas quem faz e anuncia, na minha opinião, a não ser em casos específicos que precisem da doação de terceiros para algo maior.
Mas resolvi abrir sobre o pouco que fiz hoje aqui no blog, para ver se as pessoas se animam a ingressar na causa, visto o egoísmo e orgulho que imperam nos seres que conheci, e por prega do destino, convivo nos últimos tempos.
Minha emprega acabou de sair daqui de casa. Vimos "Antes de Partir" juntas, deitadas na cama e comendo pipoca. Depois fizemos uma redação sobre o filme, tirei suas dúvidas de português, de inglês e de matemática. Coisas tão simples que para quem sabe podem paracer chatas, mas coisas que valem a pena se fazer, mesmo se você pudesse estar vendo Vik Muniz no MASP no mesmo tempo.
E vou te dizer o porquê. Como dizia minha avó, arte e conhecimento qualquer um adquire, mesmo que em doses diferentes. E para mim, voltar no tempo e ajudar uma pessoa que tem força de vontade para chegar lá, é tão nobre e cultural quanto ver Vik Muniz. Ou seja, não me arrependi nem um pouco de passar o resto da tarde aqui com ela e de deixar pra ir no MASP amanhã. E sim, estou atrasada para ver a exposição.
Mas querendo ou não, adquiri conhecimento em dobro, pois com o outro, você sempre aprende mais. Aliás, acho uma pena pessoas que não pensam assim, ou que não possuem NADA disto em sua essência.
Põe em xeque tudo o que penso sobre a vida, porque no meu ambiente de trabalho, por exemplo, uma pessoa vai totalmente contra estes princípios. Ou seja, ao invés de poder dar um pouco do seu tempo, da sua cultura, da sua inteligência às pessoas que estão em sua volta, ela faz de forma arrogante, petulante e grosseira. Tal como se só ela soubesse fazer, como se só ela tivesse as soluções para os problemas do mundo e como se você fosse a eterna criança que não sabe que por o dedo na tomada vai dar choque. Por vezes, chega a ser falta de respeito, sem nem se dar conta de que suas atitudes grosseiras gera grosseirismo. Pode parecer engraçado mas ela sempre espera uma resposta simpática e passiva à sua atitude ríspida. E sim, você tem que ser simpático senão, meu bem, você precisará abaixar a sua bola.
Então, saber que fiz hoje uma coisa que é da minha essência e diferente da dela, me faz sentir forte para enfrentar esta energia toda que poderia me deixar para baixo. Mas não, eu não vou morrer na praia.
Vou continuar fazendo caridade e vou continuar dividindo o pouco que sei com as pessoas.
Fica aqui a mensagem para todos vocês, que dividir, ensinar, mostrar que é certo e errado é tão grandioso e caridoso quanto dar moedas no farol. É muito mais digno e honesto. 
Já esta outra pessoa, com certeza ela vai continuar dando aos seus amigos de trabalho e funcionários, moedas no farol.

sábado, 16 de maio de 2009

Rapte-me, camaleoa

Rapte-me camaleoa
Adapte-me a uma cama boa
Capte-me uma mensagem à toa
De um quasar pulsando lôa
Interestelar canoa...

Leitos perfeitos
Seus peitos direitos
Me olham assim
Fino menino me inclino
Pro lado do sim...

Rapte-me
Me adapte-me
Me capte-me
It's up to me
Coração
Ser querer ser
Merecer ser
Um camaleão...

Rapte-me camaleoa
Adapte-me ao seu
Ne me quitte pas...


Caetano Veloso



Theo

Theo (meu pequeninho)

Eu passaria fome,
Eu viraria preto e azul,
E eu pularia de pára-quedas (ui!).
Porque não há nada que eu não faria para fazer você sentir o meu amor.

Quando a chuva soprar no seu rosto, eu vou te oferecer um abraço.
Quando você começar a andar, eu vou te segurar. E quando você estiver grande, eu deixo você me carregar.
Vou enxugar suas lágrimas e vou te ensinar sobre arte, música e o que mais você me perguntar.
E sempre, para fazer você sentir o meu amor.

Eu vou fazer seus dias felizes e os seus sonhos se tornarem reais.
Eu vou ser muito mais que sua tia, eu vou ser sua amiga.
Porque eu vou até o fim do mundo para fazer você sentir o meu amor.

Amo muito você.